sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

BNDES aperta financiamento para grandes empresas

 A indústria produtora de máquinas e equipamentos carregou parte da economia este ano, mas, nem por isso, livrou-se do corte do orçamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu a uma plateia de 2 mil empresários e sindicalistas que a indústria foi o setor que mais sofreu com a crise. Em seguida, anunciou taxas de juros maiores para o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) em 2014. Para este ano, a expectativa é que o programa feche com a liberação de R$ 80 bilhões.
Os juros para compra de máquinas e equipamentos subirão já a partir de janeiro, de 3,5% ao ano para 6% ao ano para as grandes empresas. Para as micro e pequenas, a taxa passou para 4,5% ao ano. As menores continuam podendo financiar até 100% do investimento, mas as grandes, somente 80%.
Para caminhões e ônibus, outro destaque na economia em 2013, a taxa passará de 4% para 6%. As pequenas empresas poderão financiar até 90% do investimento e as grandes, 80%. Na linha Procaminhoneiro, a taxa sobe de 4% para 6%, mantendo a possibilidade de financiar o valor integral.
As condições mais favoráveis de financiamento foram mantidas para inovação, segmento que teve os juros elevados de 3,5% para 4%. Para as micro, pequenas e médias empresas, permanece a possibilidade de financiar 100% do valor, enquanto para as maiores o limite passa a ser de 80%.
Já as taxas da linha de exportação foram elevadas de 5,5% para 8%, com limite de cobertura de 80% para as grandes empresas e de 100% para as menores.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, prevê uma corrida por financiamento neste fim de ano, embora considere as novas condições ainda atrativas se comparadas à taxa básica de juros, a Selic.
Também o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, aprovou as mudanças no PSI e considera balanceada a alta dos juros.
Mantega: país cresce com duas pernas mancas
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil vem crescendo sustentado por duas "pernas mancas": os efeitos ainda negativos da crise internacional sobre a economia brasileira e a falta de financiamento ao consumo interno. "O crédito para o consumo está escasso no Brasil, ao contrário do crédito para investimento, que é abundante. Para automóveis, não só não está crescendo, como está caindo", exemplificou. Para frente, a visão dele é mais otimista. "Se conseguirmos um vento a favor, ou de popa, a partir da recuperação da economia internacional, e com alta do crédito ao consumidor, teremos duas novas forças dinamizadoras para a economia brasileira", declarou Mantega, durante a abertura do Encontro Nacional da Indústria 2013, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Presente ao evento, a presidenta Dilma Rousseff fez um balanço dos investimentos em infraestrutura e educação que o governo está realizando e afirmou que o acordo fechado em Bali (Indonésia), na semana passada, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, é histórico e representará US$ 1 trilhão a mais na economia global. "O cenário que se descortina a partir desse acordo beneficiará o Brasil", previu.
A notícia sobre o avanço na facilitação do comércio internacional foi comemorada pelo governo brasileiro, num momento em que o país ainda sofre com entraves ao crescimento, conforme diagnosticou o próprio ministro da Fazenda.
Segundo ele, o país está, desde a segunda metade de 2012, em uma trajetória de recuperação gradual, que, em sua opinião, vai continuar em 2014. Mantega ressaltou que o investimento no país aumentou 6,5% em 2013, até outubro.
"Receberemos US$ 200 bilhões em investimentos no país nos próximos dez anos, atraídos pelo Campo de Libra. Para cada US$ 1 bilhão investido em Libra, serão gerados US$ 3,3 bilhões de produção na economia", estimou. "Os leilões bem-sucedidos nos fazem pensar que, finalmente, esteja despertando nos empresários o espírito animal", acrescentou, referindo-se ao termo cunhado pelo economista inglês John Keynes, em 1936, para se referir às ações adotadas pelos homens movidos mais pelos instintos, de forma espontânea, do que pelo cálculo.

Patrycia Monteiro Rizzotto
Fonte: Brasil Economico

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